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Sergio Anachoreta

Sergio Anachoreta

Engenheiro civil por formação, analista de sistemas por profissão, cervejeiro por paixão.
Principais qualidades: inteligente, esperto, bonito, sensual, charmoso e modesto.

Blonde da Independência

Blonde da independência.

Achei de dar este nome para esta cerveja pela proximidade das comemorações do bicentenário da independência do Brasil. Mal sabia eu que o termo independência seria muito bem apropriado neste caso.

Inicialmente nada de novo. Como eu ia fazer cerveja no sábado, iniciei o starter na quinta. Dois litros e meio de starter para 2 pacotes de levedura Abbey da Lalleman. Outra coisa foi colocar o ispindel para carregar.

Sábado pela manhã dei a tradicional arrumada no material e uma água nas panelas.

Ao acionar o smartmash veio então a primeira surpresa. O sensor de temperatura não estava funcionando! Com isso, o aparelho marcava -3.5 graus. Isso já aconteceu uma vez e era mal contato do sensor.

Para tudo! Desmonta a linha de gás e abre o aparelho pra ver se consegue arrumar o negócio. Uma hora de tentativas e... nada feito. Não vai ter como usar o aparelho. Eu até poderia ter deixado o aparelho ligado mas como terei que enviar para conserto fiz uma adaptação para poder emendar a linha. (inserir foto).  Neste caso só me restou controlar as rampas manualmente.

Estava inaugurando o novo chuveiro da panela e pude comprovar que deu muito certo embora ainda mereça uns retoques a mais. Ao pegar o Ispindel para prepará-lo para o trabalho, descobri que ele não tinha recarregado depois de dois dias ligado no carregador. Resultado. Tive que trocar a pilha e utilizar a anterior. O problema é que com isso descalibrou por completo o aparelho e eu não teria tempo para regulá-lo.

A mostura correu muito bem e o volume útil acabou sendo muito bom. Um mosto bem limpo, com 1.054 de densidade final e 48 litros no fermentador. Esfriei o mosto até 19 graus e terminei tudo as 6 da tarde. Sobrou um pouco de gelo e eu preparei a serpentina do fermentador, ajustando o termostato pra 19 ºC. No dia seguinte, até as 10 da manhã não havia nenhuma atividade. O airlock calado e a temperatura estagnada em 18.8.  Acho que a levedura estava com frio.

Resultado: Desmonta o kit de refrigeração e aciona o de aquecimento.

Subi a temperatura para 21 graus no fermentador e... Maravilha!!! Ela finalmente acordou.

Cinco dias se passaram e eu gradualmente subi a temperatura até os 23.5 ºC. A cerveja partiu de 1.054 pra 1.012 dando 5.5% de álcool, bem dentro da expectativa.  Agora é baixar a temperatura e passar para o balde.

Deu ao todo 2 baldes com aproximadamente 17 litros e um com 10. Com isso terei mais ou menos 44 litros de blonde.

Ontem diz um testdrive. Carbonatei uns 700ml e provei. Achei ótima. Ainda está meio turva porque tinha só 24 horas de cold crash mas acho que vai melhorar. Botei 0.5g/l de prodooze sc1. Esse negócio é  fora de série.

Sexta vou tirar o balde de 10 litros e carbonatar. Preciso ter outra cerveja na área porque a pilsen está indo rápida demais. 

Então fica aqui a independência. Independência da tecnologia. O equipamento falhou mas o cervejeiro não. Isso porque o show não pode parar.

A única coisa que não saiu tão de acordo foi o nome blonde, que em inglês significa loira. Por conta do malte munich (6 Kg) e um pouco de malte chocolate (80 g) a tal blode ficou tudo, menos loira.  De toda maneira, a cerveja ficou boa.  Quem provou gostou, inclusive eu, é claro.

Segue a receita da Blonde da independência.

Saúde.

Pilsen de agosto

12 de junho foi o dia dos namorados e eu fiz uma Witbier pra comemorar.  Você pode ver o artigo em Witbier dos namorados. Embora ela não tenha ficado tão boa quanto eu queria, teve muita gente que aprovou. 

De toda maneira, nem só de Witbier vive um cervejeiro.  Precisamos de uma pilsen. 

E porque a pilsen?  Porque pilsen é efetivamente a cerveja que todo mundo gosta.  Mesmo o cervejeiro mais raiz, que come lúpulo com farinha no café da manhã, não dispensa uma pilsen pra rebater os amargores da vida.  A pilsen é que nem arroz com feijão.  Não pode faltar!

Se você reler o artigo da Pilsen da libertação, esta foi feita com o resto da maturação da outra cerveja.  Feito o starter, eu salvei um litro de levedura pra... sei lá, mas salvei.  Além disso, quando engarrafei, salvei o que saiu da maturação e foi isso que eu usei pra fazer o starter desta.

Tudo certo pra começar, peguei aquela lama que saiu do maturador e fiz um novo starter.  Pra minha enorme surpresa, não deu certo. Acreditem voces ou não, depois de 24 horas de starter, nada aconteceu.  Não sei porque o mosto não fermentou e a opção que eu tinha era colocar aquele litro que eu tinha salvo da pilsen da libertação.

Para a minha surpresa, ele funcionou!  E fermentou beleza levando a FG do starter a 5 brix, que daria mais ou menos 1.006.  Se você considerar que saiu de 1.040 foi bastante eficiente. Separei 2 litros e guardei o resto.

Feito o processo, coloquei no fermentador os 2 litros do starter e deixei rolar.  Agora vai!!!

É, mas não foi.  Após 3 dias de fermentação, estamos em 1.022 e não parecia que ia chegar ao desejado.  Foi aí que eu resolvi colocar o que sobrou no fermentador. 

Sabe aquele restinho de levedura que eu tinha guardado?  Pois é.   Foi pra conta!  Botei tudo que tinha e finalmente a cerveja ficou pronta.   Desceu pros 1.009 que eu queira. Tá certo que um acréscimo de temperatura no fermentador deve ter ajudado um pouco, mas uma nova carga de levedura possivelmente acelerou o processo.  A cerveja ficou show de bola.

A grande perda foi não ter sobrado nenhuma levedura pra Pilsen de natal, que se bobear, vou ter que fazer com uma S-189 que tenho aqui.  To pensando até em fazer um starter com ela pra ver se ainda tá funcionando.

A bola da vez é uma blonde, que pretendo fazer dia 3 de setembro em homenagem a Independência do Brasil.  Blonde ale não tem nada a ver com independência, muito menos com Brasil, mas... deixa rolar.  O que importa é a cerveja ficar boa.  O resto é subjetivo.

Segue o link da receita da pilsen 57 litros, que faz sobrar 10 litros para fazer starter.

Witbier dos namorados

Witbier.  Eu adoro este estilo!

É seguramente o estilo de cerveja a base de trigo que eu mais gosto.  Refrescante, aromática, saborosa...  É um espetáculo.  Inclusive eu faço uma que fica muito boa.

Em comemoração ao dia dos namorados, nada melhor que uma bela Witbier!  É, mas nem tudo rola como deveria e eu vou contar o que aconteceu.

A coisa começou não funcionando bem na quinta feira, quando achei de fazer o starter de uma T-58 usada para fazer a segunda Witbier desta cepa.  Esta foi feita em outubro de 2021 após passar mais de 10 meses adormecida no freezer.  Sete meses apenas após o sucesso da Wit do ano passado, coloquei como de costume o starter para iniciar e 24 horas depois, nada aconteceu!  A levedura não deu nenhum sinal de vida e a densidade do starter não baixou nem um pontinho!  Mal presságio!   Resultado. Comprei dois pacotes de T-58 novinhos.

Eu função dos problemas que eu tive de sedimentos com a Red Ale de São João, achei por bem de aumentar a capacidade de filtração do meu equipamento.  Com isso, além do tradicional saco feito com malha ortopédica para o BIAB eu revesti a placa do fundo falso com a malha também, gerando com isso mais 2 elementos filtrantes. (Um por cima da placa e outro por baixo dela)  

Para minimizar o efeito de chafariz que o pires colocado na tampa da panela de mostura, que fez com que a o mosto descesse pela lateral da panela, eu coloquei um pedaço malha.  Com isso o mosto passou a cair verticalmente, me permitindo inclusive abrir a tampa da panela durante a mostura sem ter que desligar a bomba.

A única coisa que eu não pensei foi que, cada elemento deste é um retentor de material e com isso, quando no final da mostura eu tirei o famoso "primeiro mosto", que costuma dar perto de 15 BRIX, o dito apresentava apenas 9 BRIX.  Eu disse 9 BRIX no primeiro mosto, antes da lavagem!  Isso dá aproximadamente 1.040 antes de lavar.  Já pensou a quanto iria depois da lavagem?

A essa altura do campeonato não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser tentar espremer a cama de grãos pra ver se conseguia um pouco mais de suco.  Como último recurso eu adicionei 1 Kg de açúcar e consegui atingir uma OG 1.042, quando o projetado sem o açucar era 1.048.

Passei para o fermentador e coloquei os dois pacotes de T-58.  Levedura nova, mosto de densidade baixa... Tranquilo né.  Não mais que dois dias foram necessários para atingir 1.010, porém esta fermentação foi espichada para sete dias por falta de espaço no freezer.  Eu ainda estava com os baldes da Red Ale de São João e não tinha como transferir os 45 litros produzidos.

Ninguém gosta de falar de seus erros mas vai aqui um alerta.  Com toda a falta de filtração que a Red Ale de São João teve, tudo foi solucionado na fermentação/maturação.  Já esta WitBier ficou linda!  Super transparente...  Mas o trigo, que a deixaria turva, ficou todo retino nas várias camadas filtrantes da mostura e com ele foi-se o sabor da cerveja.  é nessa hora que você descobre que sabor é melhor que aparência. Para dar um pouquinho mais de aroma eu adicionei algumas gotas de essência comestível de limão e para dar um pouco de amargor, umas gotas de extrato de lúpulo Dupappi , no sabor MARACA (maracujá).  Se você abstrair o fato de originalmente ter sido projetada para ser uma Witbier, ela não ficou ruim.  Leve, ligeiramente amarga e com um leve toque cítrico.  Ms pra Witbier... vai uma distância muito grande.

Sorte minha que a minha esposa (namorada) não gosta de cerveja porque seria complicado dizer que fiz isso pelo dia dos namorados.  Um tremendo mico.

Segue a receita original da Witbier

Witbier dos namorados.

 

Red Ale de São João

 São João passou e nada melhor que uma Red Ale pra acompanhar os quitutes desta época!

A receita é bem básica.  Consiste em praticamente Pilsen e cevada torrada pra escurecer.  Eu adicionei um pouco de malte caramelo pra dar uma pegada maltada.

Como sempre, iniciei na sexta feira com fazendo um starter da S04.  A mesma S04 da APAPORRA, que na época eu não tive coragem de usar.

Estava inaugurando a tampa nova da panela de mostura, que confesso não ficou perfeita.  O retorno da recirculação para a panela joga o liquido de encontro a um pires, que faz com que a cerveja seja projetada para a lateral da panela.  Isso atrapalha muito caso voce tenha que abrir a tampa para ver alguma coisa.  É bom desligar a bomba ou vai acabar se molhando.

A parte ruim do processo foi o corte do saco do BIAB que ficou um pouco curto e com isso a cama de grãos ficou muito no meio, dificultando a filtração do malte.  Boa parte da água passou por fora do saco  e a mostura acabou ficando prejudicada com isso.  Pra tentar melhorar o mosto acabei mexendo demais a cama e a cerveja não ficou muito bem filtrada.

Outro problema foi a quantidade de água.  Estava estreando uma receita nova e acabei colocando pouca água.  Vale lembrar que é sempre bom colocar um pouco mais de água se você utilizar fundo falso.  No meu caso, são pelo menos 5 litros a mais.  Com isso, a relação água/malte tem que ser pelo menos maior que 4.  A mostura ficou meio seca e eu precisei transferir um pouco mais de água da lavagem para a mostura.

Ao transferir para a panela de fervura, eu notei a presença de muito sedimento.  Mas... vamos lá.  Vida que segue!  Resultado.  Um volume um pouco menor que o esperado no fermentador porque não quis prejudicar a qualidade da cerveja por uns poucos mililitros a mais.

A fermentação foi bem rápida.  A S04 é bastante agressiva e em 4 dias estava tudo terminado.  A cerveja saiu de 1.048 pra 1.011 em 3 dias mas deixei mais 4 para garantir.

Feito isso, baixei a temperatura do fermentador utilizando o meu chiller de ferementador.  É uma serpentina que instalei dentro do fermentador, por onde faço passar uma água gelada.  Esta água vem d freezer que está estrategicamente colocado ao lado.  Este equipamento será melhor detalhado em um artigo no "Em casa na panela", posteriormente.  Utilizando este equipamento eu consegui baixar a temperatura de 21 ºC para 8 ºC, sem geladeira.

Quando fui passar para o balde, a surpresa.  Não desce!  A quantidade de sedimento era tão grande que entupiu a saída do fermentador.  Solução?  Inveja CO2 pela saída para desentupir.

Do fermentador para o balde e depois no "test drive" com o carbonator.  Como sou chegado a um certo amargor, acabei adicionando 5 gotas de TetraHop 9% por litro de cerveja. A quem diga que tá mais pra uma Red APA. Hehehe.  Fazer o que, né?  Se não gostou, não bebe.  Eu gostei!

Mais uma vez utilizei o Prodooze SC1.  É realmente impressionante o efeito que ele traz na cerveja.  Apesar de ser uma cerveja escura, dá para ver claramente que ela ficou bem límpida.  A menos que seja uma cerva com característica de turbidez, como Trigo e Witbier, eu pretendo utilizar isso sempre.

Saudações!

Abaixo você poderá baixar os arquivos da receita desta cerveja.

Red Ale de São João

 

 

 

Pilsen da libertação

Treze de maio.  Dia da Abolição da Escravatura.  Aproveitei o dia para fazer uma pilsen comemorativa, e um dos motivos era o dia 13 de maio.  O outro era o fato de não ter mais nenhuma cerveja em casa.

E porque da libertação?

Porque até agora eu só tinha feito pilsen com a levedura S-189 e eu queria fazer algo com a Nottingham da pilsen de março.

Se você reler o artigo em questão vai ver que o starter que fiz ficou insuficiente e fui obrigado a adicionar dois envelopes de levedura para terminar a cerveja.

Ela ficou boa e eu acabei lamentando não ter guardado aquela lama.

Dividi a produção em 3 baldes (9, 17 e 18).  O primeiro não deu nem pra saída. Quando fui carbonatar o segundo, notei que tinha muita levedura no fundo do balde.  Quando fui processar o último lote, resolvi que salvaria aquela lama e faria algo com ela.

Esta cerveja foi feita com com a levedura tirada do balde deste último lote da cerveja de março.

Lição aprendida.  Nunca desperdice uma levedura porque ela pode servir para você.

Para ter certeza que não teria problemas, fiz um starter e ele se comportou muito bem.  A levedura recuperada digeriu o açúcar todo e em pouco tempo.  No dia da brassagem, separei perto de 2 litros do starter e guardei um litro.

O resultado foi uma cerveja bem seca.  Saiu de 1.044 e fechou em 1.008.

No final, adicionei umas gotas de lúpulo Pilsen Dupappi(click no link para acessar o anuncio)  que costumeiramente utilizo.  Isso dá um toque mais amargo e melhora a retenção de espuma.

Há pouco eu carbonatei o segundo balde (17 litros).  Este rendeu 28 garrafas e quando for fazer o último vou salvar a levedura e juntar com a reservada anteriormente.

O destaque desta cerveja está na utilização de dois produtos especiais.  Um chamado Clarex, que se propõe aumentar a clarificação e a estabilidade coloidal do líquido.  Com isso ele promete aumentar a durabilidade da cerveja.  Deixei uma garrafa fora da geladeira que pretendo abri-la daqui a uns 4 meses.  Vamos ver se o produto corresponde ao que promete.

O outro produto chama-se Clarificante Prodooze SC1, que fez realmente a diferença.  A cerveja ficou muito muito transparente sem perder o sabor.  A dosagem usada foi de 0,5g por litro.  A dosagem eu fiz utilizando a balancinha de lúpulo, pesando o frasco antes de usar até que seu peso ficasse 9 gramas a menos(18 litros). Após pingar o produto no balde eu misturei a cerveja com a pá cervejeira vagarosamente.

Você pode baixar os arquivos da receita clicando no link abaixo

Pilsen da libertação

 

Você conhece o lowfoam?

Você conhece o Lowfoam?

Não? Não sabe o que está perdendo!

Na realidade você até sabe o que está perdendo, só não ligou o nome a pessoa! Perdendo espaço ou até mesmo cerveja por "cuspir fora" pelo airlock durante a fermentação.

O Lowfoam é um produto que pode ser adicionado durante a fermentação com a função de inibir a formação de espuma, em especial nas Ale, por ser se alta fermentação.

Durante a fermentação é comum a cerveja produzir muita espuma e por conta disso é necessário deixar um espaço (head space) no fermentador para permitir esta expansão.  Com o lowfoam este espaço pode ser muito reduzido.  Para você ter uma ideia, recentemente eu fiz uma cerveja utilizando levedura de pão.  Este tipo de levedura que provoca uma fermentação intensa (3 dias) com alto grau de espuma.  Foram 21 litros inseridos num balde de 22 litros e não houve blowoff ou seja, não houve transbordo. Você não acredita?  Pois pode acreditar.  É impressionante!

Eu moro em Petrópolis e aqui a gente tem uma única loja de insumos cervejeiros.  Chama-se Sampler (www.sampler.com.br).  Eles vendem este milagroso produto por R$ 11,00.  Ele vem com 30 ml que rende aproximadamente 600 litros de cerveja, numa dosagem de 4 gramas por hectolitro.  Não há nenhuma influência na formação da espuma da cerveja ou da retenção dela.  O produto é totalmente eliminado após a fermentação.

Se você faz cerveja em casa sabe bem o que eu estou falando.  Não existe nada mais desagradável que ver a sua cerveja saindo pelo airlock e deixando tudo lambuzado!  Experimente o lowfoam!  Tenho certeza que você não vai se arrepender!

Seguem abaixo alguns links onde você pode adquirir:

https://www.brcraft.com.br/coadjuvante-low-foam-beer/p 

https://www.sampler.com.br/produtos/coadjuvante-lowfoam-30ml/

https://www.piquiribrewshop.com.br/coadjuvante-lowfoam-beer-prozyn-30g

https://www.zythosbrewshop.com.br/produto/661-lowfoam-beer-20ml

Prost!

 

 

Pilsen de março

30 de março é o aniversário do meu sobrinho.  A família é grande e a gente pretendia fazer um churrasco lá em casa. 

Eu não ia ter cerveja pra isso tudo e pensei:  "Porque fazê-la? Porque não fazê-la? Porque fazê-la? Porque não fazê-la?  Fi-la a!"

Esta é a história da pilsen de março.

A única diferença da pilsen que costumo fazer é que nesta eu achei de utilizar a levedura Nottingham da Lallemand, que veio em um kit que comprei da Lamas Brew Club.  Normalmente eu faço com a S-189 da Fermentis, mas desta vez achei de fazer diferente. 

Primeiro erro.  Nunca troque o time que está ganhando!

Como de costume, peguei 3 litros de mosto base e fiz um starter da levedura 2 dias antes.  Feito isso, separei 2 litros para jogar na cerveja e guardei o litro restante para propagação. 

Dia 20 de março, domingo, fiz a cerveja normalmente.  A receita inclui 7 quilos de malte pilsen, 500g de malte carapils, 2 quilos de arroz cozido e 1 quilo de açúcar cristal na fervura.  Vale lembrar que esta receita é para 57 litros de mosto, dos quais eu retiro dez litros antes de adicionar o lúpulo, que neste caso são 25 gramas de Nugget a 60 minutos.  Feito isso, inoculei os dois litros do starter e esperei iniciar o processo.

Na segunda feira, por volta do meio dia iniciou o processo de fermentação.  Pude acompanhar com o Ispindel e as tímidas borbulhas no airlock.

No quarto dia de fermentação, o densímetro passou o dia inteiro em 1.020 e a atividade no airlock baixou muito.  Achei que a dosagem que fiz da levedura poderia ter sido pouca!

Resultado: Botei o resto de levedura que tinha guardado e não satisfeito, comprei mais 2 envelopes de Nottingham, hidratei e coloquei na cerveja.  Deu resultado! 

No domingo a cerveja já estava em 1.010.  Como havia ainda alguma atividade no fermentado, deixei até terça feira quando a cerveja atingiu o objetivo: 1.008!  Tá fechado.

Tirei para os baldes. Duas porções de 17 litros e um resto por volta de 8 litros.  Botei para maturar e experimentar em 2 dias.

Bem, a família achou por bem de comemorar o aniversário do rapaz na quarta feira mesmo, numa pizzaria e o churrasco foi pro espaço.  Eu carbonatei os oito livros de cerveja do baldinho e vou experimentar agora no final de semana, sozinho.

Segundo erro.  Nunca acredite em combinação de família grande.  Nunca dá certo!

Pelo menos agora eu tenho mais de 40 litros de cerveja pra beber!

Se quiser aparecer aqui...

Saúde!

Você pode baixar os arquivos das receitas desta cerveja.  São 2 versões.  47 e 57 litros.  No arquivo a levedura utilizada é a S-189 da Fermentis que neste caso foi substituída pela Lallemand Nottingham. A versão para 57 litros é usada para produzir 10 litros de mosto, com a finalidade de fazer starter de levedura.

Pilsen 47 litros 

Pilsen 57 litros

 

Testando a cerveja

Neste artigo vou mostrar uma técnica que está sendo muito utilizada entre os cervejeiros caseiros.  O "express carbonator".

E o que é isso?

É uma técnica de carbonatação da cerveja, utilizando-se para isso uma garrafa PET, com o auxílio de um equipamento especial.  O Express carbonator.

E qual é o objetivo?

Muita gente pode achar que este equipamento serve pra carbonatar a cerveja e beber, mas eu prefiro dizer que ela serve para dar uma pré-estreia da cerveja e permitir que você tenha um tempo pra definir qual o "tempero" que você vai dar para sua cerveja.

Eu explico!

Certa vez eu fiz 20 litros de cerveja.  Como o objetivo era uma IPA, seria importante que ela tivesse um amargor presente.  Para isso eu utilizei um extrato de lúpulo que pode ser adicionado à bebida depois de pronta.  A questão é:  Quanto?  Não sei.  Só provando.

A ideia é adicionar o extrato antes de carbonatar, mas o ideal seria testar antes para se ter a ideia de quanto colocar.  Não queria uma IPA fraquinha muito menos um treco amargo que nem chá de boldo. 

Então qual é a ideia?

Carbonatar um litro desta cerveja utilizando uma garrafa PET e o express carbonator. Para isso é necessário um cilindro de CO2 com manômetro, um garrafa PET preferencialmente de refrigerante gasoso, uma mangueira de engate rápido com o conector de gás do tipo ball lock e o adaptador.  As garrafas de água sem gás são mais finas que as gasosas e podem se romper quando aplicar a pressão.  Por isso as gasosas são mais recomendadas.

O processo é simples. 

Utilizando a garrafa PET de 1,5 litros, eu encho até atingir mais ou menos 1 litro.  Em seguida coloco o adaptador e aperto a garrafa até que todo o ar saia.  Fecho a garrafa com o adaptador.  A garrafa vai ficar toda enrugada.  Abro o cilindro de CO2 que já estará com a mangueira conectada e coloco um pouco de pressão. (0,5 bar).  Conecto o equipamento na garrafa.  Imediatamente a garrafa se enche de CO2.  Feito isso, aplico a pressão desejada (algo em torno de 1,75 bar) e desconecto. 

Agora é hora de usar os braços.  Chacoalhe bastante a garrafa.  Você vai ver que ela vai murchar um pouco.  Isso é porque o CO2 inerido começa a se solubilizar na cerveja.  Faça isso por uns 30 segundos e reconecte a mangueira na garrafa. Você vai ver que o CO2 torna a entrar e se estabiliza.  Repita essa operação algumas vezes.  Eu normalmente faço umas 6 ou 8 vezes.  Isso não leva mais que 10 minutos.  Já vai estar pronto.

É muito importante que a cerveja esteja bem gelada.  Acima de 20 ºC o CO2 não se solubiliza na água e o processo não funciona.  Quanto menor a temperatura da cerveja, mais rápida e eficiente é a carbonatação.

Agora vem a segunda parte.

Eu separo de 4 a 5 copos iguais onde vou colocar as amostras de cerveja com as várias dosagens de extrato de lúpulo.  Em cada amostra eu coloco 200ml da cerveja porém em cada copo vão 0, 1, 2, 3 ou até 4 gotas do extrato.  Assim eu tenho uma ideia de quantas gotas por litro eu estou aplicando.  Uma simples regra de três.   Proporção seria 0, 5, 10, 15, 20. 

Bom, chegou a hora de provar!  Aí vai do seu paladar e da sua sensibilidade.  Se o copo escolhido ficou entre o segundo e o terceiro, uma dosagem de 7 gotas pode ser o ideal.  Mas se foi entre o terceiro e o quarto, algo perto de 12 gotas.  Cada um com o seu estilo.  No meu caso, achei que 7 gotas por litro seria o ideal.  Como foram 18 litros efetivamente aproveitados, eu usei 130 gotas de extrato, que coloquei no postmix antes de introduzir a cerveja.

O resultado... pena que não dá pra passar a amostra da cerveja aqui no site, mas ficou muito boa.  Para dar um toque a mais, fiz um "fast dryhop", mas isso é papo pra outro artigo.

Saúde!

 

 

Märzen - A cerveja do final de março

Märzen é provavelmente uma das primeiras cervejas sazonais de que se tem notícia. Ela era produzida no final de março aproveitando os estoques de lúpulos e cevada colhidos no inverno. A ideia era fazer uma cerveja e deixá-la "armazenada" até o fim do verão, para então refazer a produção. Daí surgiu o termo "Lager", que em alemão significa armazém.

Este armazenamento acontecia de março/abril a setembro/outubro. O processo de estocagem era facilitado por um efeito térmico, onde a poucos metros de profundidade, a temperatura se mantém praticamente constante, entre 14 e 18 ºC, mesmo que do lado de fora esteja 30ºC ou -10ºC. Isso facilitava barbaramente a produção. Numa época onde não se conhecia um processo eficiente de resfriamento, tem um ambiente com temperatura constante era tudo de bom.

Segue abaixo a descrição da Märzen, de acordo com o BJCP 2015

Impressão Geral: Uma maltada Amber Lager alemã, elegante, com um sabor de malte limpo, rico, com notas de pão, tostado, amargor restrito e um final seco que incentiva outro gole. A impressão geral de malte é suave, elegante e complexa, com um rico retrogosto que nunca é enjoativo ou pesado.

Aroma: Moderada intensidade em aroma de maltes alemães, geralmente rica em notas de pão, leve tostado, com suaves notas de casca de pão. Caráter de fermentação limpa de lager. Sem aroma de lúpulo. Aromas de malte caramelo, biscoitos secos ou torrados são inadequados. Pode ser detectada uma nota muito sutil de álcool, mas nunca deve ser acentuada. Uma limpa e elegante riqueza de malte deve ser o aroma primário.

Aparência: Âmbar alaranjado a cobre avermelhado profundo, não devendo nunca ser dourada a cor. Transparente e cristalina, brilhante, com colarinho em tom bege clarinho, persistente.

Sabor: Malte inicial muitas vezes sugere dulçor, mas com um final moderadamente seco a seco. Maltado destacado, complexo e distintivo, muitas vezes remetendo a pão tostado. O amargor de lúpulo é moderado e o sabor de lúpulo é de moderado-baixo a nenhum (tipos alemães: complexos, floral, herbal ou condimentado). O lúpulo proporciona equilíbrio suficiente para que o paladar maltado e o final não pareçam ser doces. O retrogosto é maltado, com os mesmos ricos sabores elegantes de malte persistindo. Notas evidentes de caramelo e biscoito ou sabores torrados são inadequados. Perfil de fermentação limpa de lager.

Sensação de Boca: Corpo médio, com uma textura suave e cremosa que muitas vezes sugere uma sensação de boca mais cheia, de uma cerveja mais encorpada.
Carbonatação média. Completamente atenuada, sem uma impressão doce ou enjoativa. Pode ser um pouco aquecedora, mas a intensidade do calor alcoólico deve permanecer relativamente encoberta.

Comparação de Estilos: Não tão forte e rica como um Dunkles Bock. Apresenta mais profundidade e riqueza de malte que uma Festbier, com um corpo mais pesado e um pouco menos lúpulo. Menos lupulada e igualmente maltada que uma Czech Amber Lager.

Estatísticas Vitais:

OG: 1.054 – 1.060
FG: 1.010 – 1.014
IBUs: 18 – 24
SRM: 8 – 17
ABV: 5.8 – 6.3%

O Smart Mash

Não poderia iniciar a série de posts sobre tecnologia cervejeira com outro produto que não fosse o Smartmash.

Graças a este aparelho, hoje eu faço cerveja com a maior tranquilidade e tenho tempo de fazer outras coisas enquanto o aparelho faz o resto.

Atualmente o Smartmash pode ser encontrado na versão gás e elétrica. Eu tenho a versão a gás.

A finalidade básica do aparelho é fazer o controle das rampas de temperatura garantindo que a mostura tenha o tempo e a temperatura desejada. Você pode utilizá-lo também para administrar a lavagem e a fervura, mas eu não uso assim. Para usá-lo, você tem que instalar o aparelho na linha de gás, ou seja, o gás entra no aparelho, que, por sua vez, vai alimentar o fogareiro. Para melhor controle da chama, o fogareiro deve ser do tipo “caga-fogo” e deve ser mantido abrigado do vento, afim de diminuir a possibilidade de ser apagado. Não instale o aparelho próximo das zonas de calor. A capa é de plástico e altas temperaturas podem alterar as medidas ou até danificar o mecanismo.

O aparelho é alimentado por um carregador que acompanha o produto, mas pode ser substituído por um do tipo celular comum, que tenha pelo menos 2A de corrente. Se você quiser garantir o funcionamento mesmo em caso de falta de energia elétrica, sugiro instalar um carregador flash tipo power pack de celular para funcionar como um no-break.

Além disso, o aplicativo permite o gerenciamento de várias receitas, onde você pode definir as rampas de brassagem, lavagem e fervura.

Como recurso adicional, o aplicativo tem um módulo de calculadora com várias funções úteis.

O modulo de configuração permite acertar os parâmetros básicos do aparelho.

O aparelho se comunica com um celular ou tablet por bluetooth, e os comandos são enviados no início, de modo que mesmo perdendo comunicação com o celular, o processo continuará. Você pode desligar o celular e reconectá-lo posteriormente, que o aplicativo se comunicará com o aparelho e recuperará a situação. Depois de iniciado, o celular serve apenas de monitoramento. O processo funciona de forma autônoma pelo aparelho e não depende do celular.
Tem mais uma coisa que é super importante: O produto é TOTALMENTE NACIONAL. Tanto o software quanto o hardware.

Eu tenho o aparelho desde 2018 e sempre tive um atendimento muito bom em todas as minhas demandas.

Vamos ver cada um deles.

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O primeiro deles é um conjunto de ferramentas de cálculo bastante interessantes.  Experimente cada uma delas para ver sua utilidade.

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O segundo comando é para acessar o aparelho. Você deverá ter o bluetooth e o GPS ligados. Caso você reinicie o celular no meio da brassagem ou tenha perdido a comunicação com o aparelho, basta entrar neste módulo e reconectar. O aplicativo irá se atualizar com o aparelho permitindo o monitoramento deste ponto em diante.

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Receitas

 Neste módulo você vai cadastrar as suas receitas. O sistema já vem com várias receitas cadastradas, e você pode cadastrar as suas. Não há limite de receitas.

Eu utilizo este módulo basicamente para cadastrar os tipos de rampa sem me importar muito com os ingredientes.

Você pode inserir também as cargas de lúpulo com os respectivos horários. Eu não uso essa função, e mais para frente vou explicar o porquê.

Com relação à mostura, eu sempre começo com uma etapa de 50 graus que dura 1 minuto, apenas para que o processo pare e eu possa arriar o malte e fazer o ajuste do pH. Não é aconselhável expor o pHmetro a uma temperatura acima de 50 graus.

Outra coisa que eu faço é inserir uma rampa de mashout com pelo menos 20 minutos. Com isso eu aproveito esta etapa para fazer a lavagem dos grãos.

Vale lembrar que eu uso uma cozinha de 3 panelas, sendo água, mostura e fervura, com recirculação contínua. Uma vez escolhida a receita, você deve carregá-la. Isso fará a transferência das informações para o aparelho.

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Mostura

Esta é a etapa principal do aplicativo.

Com a receita carregada, o aplicativo vai acompanhar o processo. Inicialmente você vai regular alturas de fogo baixo e alto. Lembre-se que o Smartmash não acende o fogo então você deverá regulá-lo de forma que o mínimo ainda mantenha a chama acesa, mesmo que baixinho.

Não esqueça de colocar o sensor de temperatura dentro da panela para que o aparelho possa fazer as leituras.

Se você usa gás de botijão, é importante que você veja se há gás suficiente para fazer a mostura. Trocar o botijão no meio do processo desregula totalmente o aparelho. Além disso você pode ter dificuldade de atingir temperaturas mais altas no final do processo, se a pressão no botijão estiver baixa.

No término dos processos, o aparelho automaticamente corta o fornecimento de gás. Caso você queira fazer a lavagem ou a fervura com o Smartmash terá que carregar a receita novamente.

Como eu uso 3 panelas, é um fogareiro para cada uma. Eu instalei a válvula Smartmash na panela de mostura e com isso a de fervura não tem controle. Dos males, o menor já que fervura é fervura, né.

Iniciou a fervura, é só contar o tempo. Eu uso o Brewsfather para auxiliar no controle do tempo. Num próximo artigo, vou falar do Brewsfather, e mostrar como funciona.

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Configuração

Este módulo permite acertar vários parâmetros. Os principais são:

Termômetro, que embora já venha calibrado, pode apresentar diferenças de medição para mais ou para menos. O sensor de vazamento de gás, que fecha a válvula caso o aparelho "sinta" cheiro de gás. Você pode regular a sensibilidade disso. Eu já tive esse problema e é muito bom.

Temperatura de ebulição. Moro em Petrópolis, aqui estamos a 900 metros acima do nível do mar e a água ferve perto de 97ºC.

Alerta de temperatura. Se a temperatura da rampa ultrapassar este limite, o celular emite um alerta para que você possa esfriar a mostura.

Tolerância da temperatura alvo, ou seja, a faixa que o sistema irá aceitar que a temperatura alvo já foi atingida, para prosseguir na rampa.

Idioma, número de aparelhos e outros parâmetros que eu nunca mexi.

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Em resumo

Para quem faz cerveja em casa , ter um equipamento que auxilie no processo é tudo de bom. Se você utilizar um equipamento com recirculação contínua, então, nem se fala, pois a coisa fica praticamente automatizada, sendo regulada no início e pronto. O Smartmash permite que você controle o seu processo usando o equipamento que você já tem.

Para mais informações sobre o produto acesse https://www.smartmash.com.br/

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