Este site usa cookies para melhorar sua experiência de navegação.

Mostrando itens por marcador: cerveja artesanal

APA da eleição

IPA. Esse é certamente o estilo preferido de 10 entre 10 cervejeiros raiz. O cervejeiro raiz gosta de rock & roll, churrasco na brasa e IPA para acompanhar. E se não estiver bem amarga, não serve.

Eu até já fui muito fã de IPA, mas agora confesso estar mais light. A vida por si só já traz muitas amarguras e a gente não precisa acrescentar mais.  De toda maneira, um pouquinho de amargor cai bem e por isso eu curto muito a APA.

A última que fiz foi a APAPORRA que levou uma boa dose de alecrim. Quem provou, aprovou e disse até que o "alecrim não mandou recado, compareceu pra valer"!

Desta vez pretendia fazer algo diferente e por conta disso resolvi não usar a mesma receita.

O estoque de S-04 não iria servir. Acabei usando toda a levedura virgem na APAPORRA e a que retirei do maturador estava escura demais para usar. Além disso, iria trazer um gosto de torrado que eu não queria.

Para economizar um pouquinho achei de utilizar uma levedura especial chamada de "Blessed Lady" ou como é mais conhecida no Brasil, Dona Benta. Eu tenho varias delas porque faço pão com elas. É uma levedura ale que não costuma trazer muitos esteres, mas por ser uma APA, mesmo se trouxesse não seria crítico. Eu cheguei até a fazer uma experiência de 22 litros no fogão de casa usando ela e o resultado foi muito agradável. 

Como a levedura é barata eu não fiz starter e achei de usar 3 saches para os 40 litros. O smartmash ainda não tinha voltado da manutenção e teria que fazer o controle de temperatura de forma manual mesmo.

Mostura sem grandes contratempos, a não ser pela troca do botijão.  É interessante como ele sempre acaba quando a gente está usando.  Se estivesse usando o smartmash iria desregular o fogo, mas nada que não se resolvesse na hora.

No resfriamento, mais uma vez exagerei, deixando o mosto baixar para 19 graus.  Desta vez eu forcei subir pra 20,5 porque certamente a levedura suportaria.

No dia seguinte pela manhã o airlock já apresentava plena atividade.  O Ispindel apresentou uma divergência mas corrigi no parâmetro linear do Brewfather.  Acho que vou ter que refazer a calibragem. No final da  fermentação ele apresentava uma densidade muito baixa, bem menor que a realidade apresentou.

Passados os sete dias de fermentação, tirei para os baldes gerando dois de 17 litros e um de 6, totalizando 40 litros. A cerveja saiu de 1.049 e chegou a 1.011, trazendo um ABV de 5.0%. Apliquei o prodooze sc1 como de costume, usando uma taxa de 0,5 gramas por litro. 

Quatro dias depois, ia ter um encontro de cervejeiros em Petrópolis e eu engarrafei os 6 litros iniciais. A cerveja não estava muito límpida, mas certamente iria melhorar com um tempo maior de maturação. Quem provou achou que estava mais para um Pale Ale que para uma American Pale Ale.  Faltou um pouco de amargor.

Realmente. Umas gotinhas de tetrahop 9% podem resolver isso.  Quando for engarrafar os 17 litros, cuido da saúde dela. E assim foi feito. Para 17 litros, numa taxa de três gotas, daria 51 e para quatro, 68.  Eu apliquei 60 gotas.

Além disso, achei se fazer um express dryhop com 25 g de Sabro. Essa é uma técnica que tenho usado há bastante tempo e tem dado um bom resultado. Para maiores detalhes clique sobre o processo clique aqui.

Depois da carbonatação, o segredo é deixar descansar por 24 horas. Os sólidos decantam e a cerveja volta a ficar límpida.

Engarrafadas as primeiras doze ampolas, notei que as 60 gotas de tetrahop e o amargor do dryhop fizeram da minha APA se aproximar de uma IPA.  O amargor ficou bem presente mas não agressivo. Para os outros 17 litros pretendo fazer apenas o dryhop pois o aroma ficou espetacular.

Segue aqui o link para download da receita em pdf e beerxml.

Prost!

Express Dryhop

Express dryhop e uma técnica que desenvolvi para fazer dryhop na cerveja durante o processo de carbonatação.

Este processo consiste em colocar certa quantidade de lúpulo num recipiente por onde faço passar a cerveja. Este recipiente é um filtro de plástico de 10 cm de altura onde eu troco o elemento filtrante por uma bazuca pequena de 10 cm também e forro com um saco de voil. A extração dos aromas do lúpulo é feita pela passagem da cerveja pelo equipamento aproveitando o CO2 que está sendo introduzido durante o processo de carbonatação.

Vale lembrar que a carbonatação eu faço utilizando uma bombinha. Este processo está esta melhor explicado no artigo fast carbonator. 

A alteração no processo é simples.  Eu incluo o filtro no circuito, entre a saída da bomba e a entrada de gás do portmix/barril.  Para este processo eu utilizo 25 gramas do lúpulo em pellet para o filtro de 10 cm. Ja testei uma vez com 50 gramas mas não deu certo.  O lúpulo hidrata demais e entope tudo.

O processo de carbonatação leva de 60 a 90 minutos e eu acho que o tempo é suficiente para dar o aroma interessante, mas se você quiser deixar mais tempo, não tem problema.  Após atingir o limite de solubilidade do CO2 na cerveja, não entra mais.  Com isso não se corre o risco de supercarbonatar a cerveja.

Por conta da presença do lúpulo a taxa de retenção de espuma vai subir bastante. Você vai notar isso logo no primeiro copo.

Outra coisa que aconselho é fazer a carbonatação e deixar descansar por pelo menos 24 horas. Mesmo com a bazuca e o voil, a possibilidade de passar um pouco de lúpulo para a cerveja é grande.  Em 24 horas em ambiente refrigerado, todo este sólido decanta e praticamente é retirado na primeira garrafa.

Saúde!

 

Blonde da Independência

Blonde da independência.

Achei de dar este nome para esta cerveja pela proximidade das comemorações do bicentenário da independência do Brasil. Mal sabia eu que o termo independência seria muito bem apropriado neste caso.

Inicialmente nada de novo. Como eu ia fazer cerveja no sábado, iniciei o starter na quinta. Dois litros e meio de starter para 2 pacotes de levedura Abbey da Lalleman. Outra coisa foi colocar o ispindel para carregar.

Sábado pela manhã dei a tradicional arrumada no material e uma água nas panelas.

Ao acionar o smartmash veio então a primeira surpresa. O sensor de temperatura não estava funcionando! Com isso, o aparelho marcava -3.5 graus. Isso já aconteceu uma vez e era mal contato do sensor.

Para tudo! Desmonta a linha de gás e abre o aparelho pra ver se consegue arrumar o negócio. Uma hora de tentativas e... nada feito. Não vai ter como usar o aparelho. Eu até poderia ter deixado o aparelho ligado mas como terei que enviar para conserto fiz uma adaptação para poder emendar a linha. (inserir foto).  Neste caso só me restou controlar as rampas manualmente.

Estava inaugurando o novo chuveiro da panela e pude comprovar que deu muito certo embora ainda mereça uns retoques a mais. Ao pegar o Ispindel para prepará-lo para o trabalho, descobri que ele não tinha recarregado depois de dois dias ligado no carregador. Resultado. Tive que trocar a pilha e utilizar a anterior. O problema é que com isso descalibrou por completo o aparelho e eu não teria tempo para regulá-lo.

A mostura correu muito bem e o volume útil acabou sendo muito bom. Um mosto bem limpo, com 1.054 de densidade final e 48 litros no fermentador. Esfriei o mosto até 19 graus e terminei tudo as 6 da tarde. Sobrou um pouco de gelo e eu preparei a serpentina do fermentador, ajustando o termostato pra 19 ºC. No dia seguinte, até as 10 da manhã não havia nenhuma atividade. O airlock calado e a temperatura estagnada em 18.8.  Acho que a levedura estava com frio.

Resultado: Desmonta o kit de refrigeração e aciona o de aquecimento.

Subi a temperatura para 21 graus no fermentador e... Maravilha!!! Ela finalmente acordou.

Cinco dias se passaram e eu gradualmente subi a temperatura até os 23.5 ºC. A cerveja partiu de 1.054 pra 1.012 dando 5.5% de álcool, bem dentro da expectativa.  Agora é baixar a temperatura e passar para o balde.

Deu ao todo 2 baldes com aproximadamente 17 litros e um com 10. Com isso terei mais ou menos 44 litros de blonde.

Ontem diz um testdrive. Carbonatei uns 700ml e provei. Achei ótima. Ainda está meio turva porque tinha só 24 horas de cold crash mas acho que vai melhorar. Botei 0.5g/l de prodooze sc1. Esse negócio é  fora de série.

Sexta vou tirar o balde de 10 litros e carbonatar. Preciso ter outra cerveja na área porque a pilsen está indo rápida demais. 

Então fica aqui a independência. Independência da tecnologia. O equipamento falhou mas o cervejeiro não. Isso porque o show não pode parar.

A única coisa que não saiu tão de acordo foi o nome blonde, que em inglês significa loira. Por conta do malte munich (6 Kg) e um pouco de malte chocolate (80 g) a tal blode ficou tudo, menos loira.  De toda maneira, a cerveja ficou boa.  Quem provou gostou, inclusive eu, é claro.

Segue a receita da Blonde da independência.

Saúde.

Testando a cerveja

Neste artigo vou mostrar uma técnica que está sendo muito utilizada entre os cervejeiros caseiros.  O "express carbonator".

E o que é isso?

É uma técnica de carbonatação da cerveja, utilizando-se para isso uma garrafa PET, com o auxílio de um equipamento especial.  O Express carbonator.

E qual é o objetivo?

Muita gente pode achar que este equipamento serve pra carbonatar a cerveja e beber, mas eu prefiro dizer que ela serve para dar uma pré-estreia da cerveja e permitir que você tenha um tempo pra definir qual o "tempero" que você vai dar para sua cerveja.

Eu explico!

Certa vez eu fiz 20 litros de cerveja.  Como o objetivo era uma IPA, seria importante que ela tivesse um amargor presente.  Para isso eu utilizei um extrato de lúpulo que pode ser adicionado à bebida depois de pronta.  A questão é:  Quanto?  Não sei.  Só provando.

A ideia é adicionar o extrato antes de carbonatar, mas o ideal seria testar antes para se ter a ideia de quanto colocar.  Não queria uma IPA fraquinha muito menos um treco amargo que nem chá de boldo. 

Então qual é a ideia?

Carbonatar um litro desta cerveja utilizando uma garrafa PET e o express carbonator. Para isso é necessário um cilindro de CO2 com manômetro, um garrafa PET preferencialmente de refrigerante gasoso, uma mangueira de engate rápido com o conector de gás do tipo ball lock e o adaptador.  As garrafas de água sem gás são mais finas que as gasosas e podem se romper quando aplicar a pressão.  Por isso as gasosas são mais recomendadas.

O processo é simples. 

Utilizando a garrafa PET de 1,5 litros, eu encho até atingir mais ou menos 1 litro.  Em seguida coloco o adaptador e aperto a garrafa até que todo o ar saia.  Fecho a garrafa com o adaptador.  A garrafa vai ficar toda enrugada.  Abro o cilindro de CO2 que já estará com a mangueira conectada e coloco um pouco de pressão. (0,5 bar).  Conecto o equipamento na garrafa.  Imediatamente a garrafa se enche de CO2.  Feito isso, aplico a pressão desejada (algo em torno de 1,75 bar) e desconecto. 

Agora é hora de usar os braços.  Chacoalhe bastante a garrafa.  Você vai ver que ela vai murchar um pouco.  Isso é porque o CO2 inerido começa a se solubilizar na cerveja.  Faça isso por uns 30 segundos e reconecte a mangueira na garrafa. Você vai ver que o CO2 torna a entrar e se estabiliza.  Repita essa operação algumas vezes.  Eu normalmente faço umas 6 ou 8 vezes.  Isso não leva mais que 10 minutos.  Já vai estar pronto.

É muito importante que a cerveja esteja bem gelada.  Acima de 20 ºC o CO2 não se solubiliza na água e o processo não funciona.  Quanto menor a temperatura da cerveja, mais rápida e eficiente é a carbonatação.

Agora vem a segunda parte.

Eu separo de 4 a 5 copos iguais onde vou colocar as amostras de cerveja com as várias dosagens de extrato de lúpulo.  Em cada amostra eu coloco 200ml da cerveja porém em cada copo vão 0, 1, 2, 3 ou até 4 gotas do extrato.  Assim eu tenho uma ideia de quantas gotas por litro eu estou aplicando.  Uma simples regra de três.   Proporção seria 0, 5, 10, 15, 20. 

Bom, chegou a hora de provar!  Aí vai do seu paladar e da sua sensibilidade.  Se o copo escolhido ficou entre o segundo e o terceiro, uma dosagem de 7 gotas pode ser o ideal.  Mas se foi entre o terceiro e o quarto, algo perto de 12 gotas.  Cada um com o seu estilo.  No meu caso, achei que 7 gotas por litro seria o ideal.  Como foram 18 litros efetivamente aproveitados, eu usei 130 gotas de extrato, que coloquei no postmix antes de introduzir a cerveja.

O resultado... pena que não dá pra passar a amostra da cerveja aqui no site, mas ficou muito boa.  Para dar um toque a mais, fiz um "fast dryhop", mas isso é papo pra outro artigo.

Saúde!

 

 

Märzen - A cerveja do final de março

Märzen é provavelmente uma das primeiras cervejas sazonais de que se tem notícia. Ela era produzida no final de março aproveitando os estoques de lúpulos e cevada colhidos no inverno. A ideia era fazer uma cerveja e deixá-la "armazenada" até o fim do verão, para então refazer a produção. Daí surgiu o termo "Lager", que em alemão significa armazém.

Este armazenamento acontecia de março/abril a setembro/outubro. O processo de estocagem era facilitado por um efeito térmico, onde a poucos metros de profundidade, a temperatura se mantém praticamente constante, entre 14 e 18 ºC, mesmo que do lado de fora esteja 30ºC ou -10ºC. Isso facilitava barbaramente a produção. Numa época onde não se conhecia um processo eficiente de resfriamento, tem um ambiente com temperatura constante era tudo de bom.

Segue abaixo a descrição da Märzen, de acordo com o BJCP 2015

Impressão Geral: Uma maltada Amber Lager alemã, elegante, com um sabor de malte limpo, rico, com notas de pão, tostado, amargor restrito e um final seco que incentiva outro gole. A impressão geral de malte é suave, elegante e complexa, com um rico retrogosto que nunca é enjoativo ou pesado.

Aroma: Moderada intensidade em aroma de maltes alemães, geralmente rica em notas de pão, leve tostado, com suaves notas de casca de pão. Caráter de fermentação limpa de lager. Sem aroma de lúpulo. Aromas de malte caramelo, biscoitos secos ou torrados são inadequados. Pode ser detectada uma nota muito sutil de álcool, mas nunca deve ser acentuada. Uma limpa e elegante riqueza de malte deve ser o aroma primário.

Aparência: Âmbar alaranjado a cobre avermelhado profundo, não devendo nunca ser dourada a cor. Transparente e cristalina, brilhante, com colarinho em tom bege clarinho, persistente.

Sabor: Malte inicial muitas vezes sugere dulçor, mas com um final moderadamente seco a seco. Maltado destacado, complexo e distintivo, muitas vezes remetendo a pão tostado. O amargor de lúpulo é moderado e o sabor de lúpulo é de moderado-baixo a nenhum (tipos alemães: complexos, floral, herbal ou condimentado). O lúpulo proporciona equilíbrio suficiente para que o paladar maltado e o final não pareçam ser doces. O retrogosto é maltado, com os mesmos ricos sabores elegantes de malte persistindo. Notas evidentes de caramelo e biscoito ou sabores torrados são inadequados. Perfil de fermentação limpa de lager.

Sensação de Boca: Corpo médio, com uma textura suave e cremosa que muitas vezes sugere uma sensação de boca mais cheia, de uma cerveja mais encorpada.
Carbonatação média. Completamente atenuada, sem uma impressão doce ou enjoativa. Pode ser um pouco aquecedora, mas a intensidade do calor alcoólico deve permanecer relativamente encoberta.

Comparação de Estilos: Não tão forte e rica como um Dunkles Bock. Apresenta mais profundidade e riqueza de malte que uma Festbier, com um corpo mais pesado e um pouco menos lúpulo. Menos lupulada e igualmente maltada que uma Czech Amber Lager.

Estatísticas Vitais:

OG: 1.054 – 1.060
FG: 1.010 – 1.014
IBUs: 18 – 24
SRM: 8 – 17
ABV: 5.8 – 6.3%

Duas, três ou quatro panelas

As próximas configurações requerem um pouco mais de gasto pois você terá panelas específicas para coisas específicas.

Duas panelas

Neste caso, ao invés de usar um saco utilizaremos um filtro chamado bazuca que tem a finalidade de reter os grãos e permitir que somente o mosto saia pela torneira. Como os grãos estão em contato direto com o fundo da panela é aconselhável que se mantenha a mistura em movimento sempre que o fogo estiver aceso. Ao final da mostura, faz-se a transferência do líquido para outra panela que será utilizada para a fervura.

Você pode fazer a lavagem dos grãos utilizando uma água previamente aquecida e jogar por cima do malte. Evite concentrar o fluxo em um lugar só.

Uma outra opção é utilizar um fundo falso. Neste caso você não poderá deixar o líquido parado no fundo sob pena dele caramelizar e para isso será necessário a utilização de uma bomba de recirculação. Você pode usar uma dessas bombinhas de máquina de lavar que suportam temperaturas mais altas, mas o ideal é uma bomba específica, podendo ser de inox ou plástico alimentício. Essas bombas são facilmente encontradas no mercado.

Importante

Faça com que o líquido, ao voltar para a panela, não caia somente em um lugar. É conveniente fazer um chuveiro, observando e cuidando para evitar entupimentos. A vantagem deste método é ter o mosto filtrado durante o cozimento gerando cervejas bem menos turvas no final.
Por estar o tempo todo recirculando, não há necessidade de ficar mexendo o mosto durante todo o tempo, e assim ficando o cervejeiro com a tarefa de apenas controlar a temperatura.

Smartmash

Este é um aparelho fantástico que uso há quatro anos, para fazer o controle da temperatura. Você programa a receita com as rampas de temperatura e o aparelho faz todo o resto com muita segurança. É muito bom. Vale a pena!

A terceira panela, a de água, que embora já possa estar sendo usada no processo, agora oficializamos e incluímos no conjunto. Na cozinha de quatro panelas a mostura é feita com um agitador para aumentar a eficiência e depois toda a mistura é levada para uma panela de filtragem onde pode ficar por até duas horas filtrando. Ao final da filtragem o líquido é enviado para a fervura, pra terminar o processo.

Eu tenho uma cozinha de três panelas, sendo 50 litros para água, 60 litros para mostura e 70 listros para fervura. Isso me permite fazer até 60 litros de cerveja por brasagem, sem diluição.

Na panela de mostura, além do fundo falso, eu uso uma malha ortopédica de 30 cm para reter os grãos. Isso diminui a possibilidade de entupimento e facilita a retirada dos grãos no final.

Minhas brasagens são, normalmente, de 50 litros, já que esta é a capacidade do meu fermentador.

Ein prosit!

Trasfegando para o postmix

Segundo o artigo sobre " Do fermentador à garrafa sem contato com o ar ", este artigo falará sobre o processo de trasfega para o postmix e subsequente carbonatação.

Primeiramente você deve conhecer seu equipamento, portanto pese seu postmix vazio.  Quando ele estiver cheio você saberá quantos litros colocou.  O meu deu 4,5kg.  Pese também o seu balde cheio.  O balde de 22 litros com tampa tem em média 1kg.  O meu deu 17,5 Kg, o que deve dar 16,5 litros.  Como fica sempre um resto no fundo, vou considerar que entrarão 16 litros.

img 31 01

No artigo anterior, estávamos com o balde no maturador que foi trasfegado sem contato com o ar. O mesmo princípio faremos agora.

Desta vez, após sanitizarmos o postmix, pressurizo-o utilizando a saída de líquido, pois ela inserirá o CO2 por baixo. Utilize a entrada de gás para sentir o cheiro do CO2.  Quando você estiver sentindo, significa que o postmix já tem CO2 suficiente.  Desconecte-o do cilindro e deixe a pressão sair.  O postmix ficará cheio de gás mas em pressão ambiente.  Nada mais que 0,5 Bar é necessário. 

img 31 02

Agora, ligue a saída de líquido do postmix no balde de maturação, retire o airlock do balde e abra a torneira. A medida que a cerveja entra você pode sentir o CO2  saindo pela mangueira de gás. Como a espectativa era 16 litros, não há possibilidade de transbordar. Lembre-se que os 19 litros é a "capacidade nominal", pois normalmente não cabe mais que 18 litros.  Além disso, você vai precisar de um "headspace" para carbonatar a cerveja. 

img 31 03

O mesmo processo pode ser feito com barril, porém é comum as extratoras possuírem válvulas de retenção que impedem o retorno do fluxo, tanto de gás quanto de líquido. Retire estas válvulas para o processo e recoloque-as no final.

Como a torneira é instalada na lateral do balde, a gente acaba sempre perdendo algo em torno de 0,5 litros de cerveja.  Neste fundo morto vão estar os resíduos da fermentação que foram decantados pelo processo de cold-crash.  Com isso, sua cerveja vai ficar mais límpida.   Pelo menos é o que se espera.

Terminado o processo, eu pesei o postmix e ele acusou 20,3 Kg, que descontados os 4,5 Kg deu praticamente 16 litros de cerveja.

img 31 04

Feita a trasfega, eu abri o balde para ver o que deixou de ir para a cerveja por conta do coldcrash.  As fotos falam por sí.  A cerveja em questão é uma Weiss, que aqui mais parece um doce de leite.

img 31 05

img 31 06

No próximo artigo falaremos sobre a carbonatação rápida.

Saúde!

 

Pasteurização caseira

Pasteurização é um processo que tem a finalidade de aumentar a durabilidade de um líquido. Este processo foi inventado pelo químico francês Louis Pasteur que descobriu a existência de micro-organismos, entre eles os fungos responsáveis pela produção da cerveja.

A Saccharomyces cerevisiae é a principal levedura utilizada em processos industriais de fermentação alcoólica.

Embora não seja comum o cervejeiro caseiro fazer, nada o impede. Se for fazer primming, a pasteurização só poderá ser feita após o período de carbonatação.

Se utilizar a carbonatação forçada, pode ser feita em seguida ao envase.

O processo é simples.

Eu tenho uma panela de 36 litros com fundo falso, bomba de recirculação, tampa com chuveiro e uma panela de fervura de 50 litros, ambas com registro de 1/2 polegada e engate rápido. Como auxiliar de brassagem eu tenho um aparelho chamado SmartMash que controla todo o processo. Em minha panela de fervura de 36 litros, com fundo falso, couberam 18 garrafas. Coloquei água fria na panela até que as garrafas ficassem quase todas cobertas, deixando apenas uma parte do gargalo de fora e em seguida retirei as garrafas.

Com a água que sobrou, liguei o fogo e com o auxílio do SmartMash regulei para mostura de 60 Cº por 20 minutos. Utilizei a bomba de recirculação para fazer um chuveiro dentro da panela e garantir a temperatura desejada. Quando atingiu 60 Cº, coloquei as garrafas dentro e iniciei a brassagem mantendo a bomba ligada. Faço isso com a tampa fechada, pois a recirculação vem pelo chuveiro instalado na tampa da panela. Ao término dos 20 minutos, desliguei tudo e transferi as garrafas para os engradados, onde dei um banho de água fria para dar um choque térmico na cerveja.

E agora é só colocar para gelar quando for beber. Pode deixar fora da geladeira tranquilamente que não vai estragar.

Alguns conselhos úteis

Utilize uma luva térmica e óculos de proteção pra evitar acidentes.

No envase da garrafa, deixe um espaço razoável para a expansão do gás. Se usar aquelas de 500 ml inglesa ou 600 ml antiga, deixe pelo menos metade do gargalo de fora. Se utilizar as caçulinhas, tente deixar o gargalo quase todo de fora.

Se carbonatar forçadamente, não ultrapasse o limite de 1.5 bar.

Se fizer com priming utilize um manômetro de garrafa pra ver quanto ficou. Mais de 2 bar de pressão em temperatura ambiente, quando colocada a 60 Cº pode causar explosão da garrafa.

Evite trabalhar com a tampa da panela aberta. Eu tive uma garrafa que explodiu e só não causou danos maiores porque a panela estava tampada.

Cuidado quando for pegar as garrafas na panela. Evite batê-las. Eu vi algumas com tanta pressão que borbulhavam na chapinha.

Como tudo começou

Estou iniciando uma série de artigos sobre cerveja caseira. Espero que vocês gostem.

Faço cerveja desde 2015 e comecei com um pequeno kit BIAB de 10 litros. Hoje faço 50 litros com 3 panelas, fermentador cônico e carbonatação forçada.

Você vai perguntar: E a cerveja é melhor? É claro que sim!

É indiscutível que a melhoria do processo influencia diretamente na qualidade do produto.

Dá um trabalho danado, mas vale muito, muito a pena.

Curiosidades sobre as cervejas artesanais que você precisa conhecer

Será que você realmente é fã de cerveja artesanal? A seguir, acompanhe algumas curiosidades sobre a bebida que talvez você ainda não saiba:

  • A cerveja é comprovadamente saudável, já que melhora a saúde arterial;
  • Cada cerveja artesanal possui uma temperatura ideal para ser apreciada;
  • A cervejas artesanais importadas chegaram primeiro do que as nacionais;
  • A espuma é essencial para preservar o sabor e o aroma da cerveja;

E aí, você já conhecia alguma das curiosidades? Conta pra gente nos comentários e siga a página para ficar por dentro de outros conteúdos sobre cerveja ❤

Página 1 de 2